Teimosia (254)

"A Liberdade guiando o povo nas dunas da Galé"

"A Liberdade guiando o ovo nas dunas da Galé"

"A Liberdade guinando o novo nas dunas da Galé"

É um esboço, para uma coisinha maior. Lápis gordo e macio sobre papel fraquinho. 2012.

Ontem não estive aqui. Conheço este sítio onde estou, mas não estive aqui no dia de ontem. Ou pelo menos não me lembro de ter estado. Por vezes, dado que são muito semelhantes os espaços e as pessoas, não me lembro de ter aqui realizado esta ou aquela acção. Como sou obrigado por uma força maior que a minha a vir para este local, tendo a esquecer-me de tudo. Isto aqui é um trabalho que eu tenho, que me paga as contas, e outras coisas que me habituei a utilizar. Muitas pessoas passam por aqui, parece que têm urgência em resolver assuntos, ou então passam por aqui por ficar no caminho. As pessoas passam por aqui, mas pelo lado de fora. Isto tem vidros e vê-se tudo lá fora, e eu trabalho aqui. Não gosto do trabalho que faço e por isso acho que nem sou mal pago. Faço o que posso e emprego a energia necessária para que as pessoas que por aqui passam, pelo lado de fora me vejam como eu as vejo a elas a trabalhar. É um esquema ardiloso, eu sei, mas resulta numa espécie de aceitação mútua, de integração. E logo eu, desintegrado e que odeio que olhem para o que faço. Há um jardim do outro lado da rua. Recentemente, a Câmara Municipal implantou uns bancos nas zonas de sombra, de baixo de uns plátanos muito grandes. Está lá uma pessoa que duvido me consiga ver apesar da transparência que nos separa. Se não tivesse este emprego teria outro. Fui educado assim.

 

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