Cartas do vale às coisas que sei (236)

Queridas pedras.

Fiquei outra vez por aqui. Não me mexi a manhã toda. Um centímetro sequer para matar a sede ou realizar outro assunto do desejo. Não, não é verdade. Andei pela casa e fui até à varanda de onde melhor se avista o vale. Mas as nuvens tomaram-lhe a garganta toda, fazem da paisagem um buraco cinzento e sem fundo. Afundam-se pela terra adentro, parecendo levar consigo as coisas do mundo nas correntes de ar onde circulam. Não se vê mais nada. Virão flores, estou certo disso.

 

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