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À Prudência
( Atenta tanto às coisas dos gatos, como às horas do dia. Também ao fio condutor que une a luz ao negrume que passa despercebido à maioria de nós).
Escolhi entre os meus livros um. Vou ler-te uma coisa que lá vem escrita (entenda-se escrever-te). Uma coisa que me parece ser de gato, delicada e subtil. Encontrei o Bataille a palavrear contra um certo leão castrado que, sem qualquer ambição intelectual bacoca da minha parte, te remeto.( Atenta tanto às coisas dos gatos, como às horas do dia. Também ao fio condutor que une a luz ao negrume que passa despercebido à maioria de nós).
Parece que "O homem vive confinado ao seu círculo - estreito na sua própria dimensão e distraído do universo dos planetas e estrelas onde a Terra que o suporta risca um traço de uma impressentível velocidade. Reduz o céu nocturno a um espectáculo de luzes e a sua visão diurna hesita, sem enfrentar esse foco deslumbrante que o ilumina e ele não pensa como estrela mas força insuportável que o seu olhar evita e só desafia se não medir os riscos de uma cegueira que o conduzirá às trevas. (...)"
E continua dizendo na introdução do mesmo livro que "(...) Todas as ilações devem ser caucionadas com alguma Prudência.(...)"
In O ânus solar (e outros textos), George Bataille, Introdução e Apresentação de Aníbal Fernandes.
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