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Estava a ver o sol que se vinha pondo lá longe no fio do mundo que separa o céu da terra. Estava a vê-lo tingido de uma especial tonalidade de outono. Caía lentamente num cerro de nuvens. O ar já não tem aquela poeira da secura que fica presa nas palavras que se não dizem quando aspiramos o calor. Estou sentado nas telhas da minha casa, outra vez, de costas voltadas para a cascata que vem de cima. Vou mudar a pele, pensei. Em breve mudo a minha pele. Depois disso pode chover quando à natureza lhe der nas ganas que estarei preparado. Entretanto que venha o som do outono que já cá estou de malas feitas para o receber. E assim, o sol, desapareceu atrás da chaminé da cozinha e perfez outro dia. Acho que caiu em cima de Lisboa, ou talvez não.

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