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Hoje estive lá onde estive pela última vez quando tinha quinze anos. A fotografia desse dia não diz que nadei entre os coscorões que viviam num grande alguidar de barro. A casa era escura de campo e tinha gente na porta aberta. Hoje estive lá para rever ninguém acabando por me encontrar dentro de uma visão de um poema de Baudelaire.
A casa está a dormir. Está ligeiramente deitada de lado para o lado onde dormem as ervas daninhas e um caminho que tem merda de cão. Estavam todos a dormir e eu entrei por uma racha na alvenaria aberta ao tempo. Uma ferida que ali ficou, certamente. Estavam todos a dormir e eu entrei. Os meus mortos queridos vieram abraçar-me e eu fiquei à espera de coscorões repletos de açúcar e mel. Sentei-me à mesa e comi enquanto os ouvia infinitos.

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