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O meu cinema é aquele que tem personagens que habitam a minha memória e que, estranhamente, se deixam contagiar pelo personagem que sou. Não quero com isto dizer que viva num filme, ainda que, por vezes, retire dos filmes o perfumado sentido das suas histórias para corromper os meus dias iguais. Sempre que isso acontece sonho melhor, em ecrã panorâmico e com som digital. Chego mesmo a tomar café no Bar do cinema Royal com os actores e as actrizes no intervalos das sessões. Poderia, por exemplo, contar a cor que têm os pessegueiros floridos num belo conto filmado por Kurosawa e a maneira como isso sempre me inspirou, ou outras coisas repletas de monstros e beijos intermináveis. A vida dos meus filmes é feita dos rebuçados que os acompanham. Partilhem-se, acontecimentos e chocolates, as histórias e os personagens. Adocemos a nossa vida de imagens, de música e de palavras a gosto. Às vezes fico nostálgico, mas passa-me depressa!

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