Fourty four (44)


Cedo acordei cheio de fome e, por isso, saí à rua onde procurei saciar o meu desejo. Sentei-me num largo onde o Sol batia ameno e esperei. Esperei horas a fio e vi passar marechais, e as suas senhoras, os seus cães de guarda. Passaram outros fardados mas que não consegui identificar. A este propósito posso dizer que gosto mais dos verdes, ainda que, à minha frente, tivessem passado uns quantos vestidos de fardas vermelhas. Passou aquilo que penso ter sido a sombra de um autocarro carregado de batatas doces. Devorei-o com o olhar a começar pelas rodas de borracha, segurando-o com firmeza entre as mãos, roendo-o, mirando-o, de uma ponta à outra, como se de uma massaroca de milho se tratasse. Terminei a chupar os assentos de napa, um por um, quase satisfeito. A seguir, uma enorme máquina de trabalhos pesados com grua e tudo. Deliciei-me a comer-lhe o opíparo das entranhas, e a trincar os metais crocantes entre os dentes. Mais uma vez engoli as borrachas com enorme prazer e satisfação. E permaneci sentado remoendo a tralha no estômago. É tudo política? Não faltará um pouco de imaginação à banda que insiste em tocar a mesma música? Ah, lá vêm as moscas pousar na minha sesta. Vou ficar a ver se passa mais alguma coisa a que possa deitar o dente.

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