Diga 33 + 1 (thirty four)



Ah, sei lá. Deram-me um e eu nem tenho a certeza de ter comprado o outro que tenho lá dentro em cima de uma mesa esquecido. A sério, não sei ao certo a origem do segundo. Mas o primeiro estou seguro, foi-me dado. Acho que sei quem mo deu e onde. O sítio era cheio de luz e as pessoas circulavam pelas avenidas montadas em grandes escovas de dentes que venciam a gravidade. Deslizavam sem ruído e de maneira graciosa. Acho que na altura trabalhava como adido cultural na embaixada do meu país naquele país e terei descido num apeadeiro a caminho de casa, apeei-me de uma espécie de transporte público que tinha a forma de uma gigantesca escova de piaçaba articulada e com dois andares. E foi aí que uma senhora se acercou de mim e me ofereceu o primeiro enquanto esperávamos uma aberta na chuva copiosa. Ficámos amantes, nessa noite, eu e ela, quando chegamos ao meu apartamento e atirámos a nossa roupa molhada ao chão. E durou a eternidade de dois longos e chuvosos Invernos. Mas o objecto que me foi dado ficou sempre ali onde está. O segundo apareceu cá em casa, agora sim lembro-me disso, claramente, entrou pela janela e foi sentar-se numa mesa que tenho noutro compartimento para que me esquecesse do tempo.

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