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41 anos entre vós! E quase nada. A não ser um par de caracóis num vaso de jardim e um apito no ouvido. Uns sapatos velhos, uma bola de futebol, um saco de ir às compras muito colorido, um vencimento de merda, um bolo que fiz para mim mesmo e que vou comer amanhã quando me cantarem a velha canção. Tenho dois grilos muito velhos que trouxe da infância feliz, uma casa de baratas, alguns livros bestiais onde volto sempre que posso. Uns filmes a preto e branco e refresco de hortelã pimenta para os ver enquanto bebo. O meu vicking preferido a desancar no jantar, a apagar incêndios infernais. Tenho uma livraria perto de mim com o melhor sofá do mundo. Às vezes, quando lá entro, sem querer imagino que as palavras que penso me saltam da boca sem proferir esforço de as dizer, e digo, e penso: porque razão tem cravos e outras flores o teu sorriso? Tenho um cansaço enorme que me impele outra vez à luta. Perco, quase sempre, porque se me desvia o olhar para outras coisas. Tenho o resto aqui na mão esquerda, que é a minha mão com dois sentidos.
Volto para o ano, vou zarpar!

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