vinte e oito (twenty eight)


Eu durmo numa cama qualquer desde que tire as botas que uso durante o dia. Tiro e calço as botas onde quer que durma porque durmo em qualquer sítio. Tiro-as à noite não só por uma questão de conforto, mas para que não me fiquem agarradas aos pés e, logo que posso, calço-as pela manhã. À noite descalço-as e limpo a lama que vem agarrada à borracha da sola de andar pelos sítios por onde ando. A sola de borracha atrai a sujidade toda, é o que penso pelo menos quando a olho depois de descalçar as botas. Limpo as botas de ponta à bota e coloco-as aos pés da cama com um ar quase novo. Pela manhã enfio-as nos pés e sigo-as porque os passos são das botas e não dos pés. Fico sempre com a sensação de que tenho um belo par de botas. De resto durmo em qualquer sítio desde que as descalce, não vá ficarem agarradas aos pés.

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