Vinte e um (Twenty one)



Olhem, tive uns sapatos que se estragaram. Um cão que morreu na casa de outro homem a olhar para mim. Um pássaro que deixou de cantar assim de repente. Uma coisa de trazer na mão que não me lembro para que servia e que por isso a guardei em lugar fresco e seco e que não sei exactamente onde. Tive uma mão direita e outra esquerda. Ainda as tenho. Tive menos idade e já fui menos chato. Uso as mesmas calças de sempre para evitar confusões entre as outras que não visto. Às vezes olho pela janela e pergunto-me o que estou aqui a fazer. Nesses dias faço um desenho e acho que sou, talvez, uma pessoa inteira. Vivo na esperança de poder comprar um novo par de sapatos, mas não gosto de sapatarias por não haver pastéis de nata, nem café. Ah, o sono chega-me quando menos me dou por sonolento.
Não sei o que faça. Apetecia-me um rebuçadinho da Régua.

Comentários

Anónimo disse…
Também não gosto de sapatarias. Também gosto de pastéis de nata e de café. Já cheguei a entrar em sapatarias cheias de sapatos e não haver nenhum à minha medida. Saio aborrecida. Os pásteis de nata e os cafés enchem-me sempre as medidas. Nunca me aborrecem. Comia agora uma sandes de coirato.
Sandes de coirato é "slow food", não é? Eu bem que gosto disso. Daqueleas que se vendiam num sítio chamado "A taberna do 5", no Montijo. Eu gosto disso. Muito obrigado, foi um óptima ideia. Um dia destes passo por lá.

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