Vinte e três (23)



XAGRAIM, HISTÓRIA DA CIDADE DE LUNETA, OU GÓRGIAS O MORTO.
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Quando Górgias se elevou do centro das águas do lago trazia o corpo nu coberto de algas. Viu as doze mulheres e a Madressilva, a cidade de Luneta e o mundo inteiro através das árvores do jardim. A cidade de Luneta pertencia ao ciclo lunar e, por isso, todos os quartos da Lua eram saudados com festejos nocturnos que incluíam o fogo e a música, ao som da qual dançavam jovens virgens. Havia um rio que se formava numa pequena depressão geológica que corria manso e doce até morrer numa gruta onde também funcionava o oráculo dos Sais da Terra. Górgias, sentindo a caverna, soube que parte dos mistérios do seu destino eram dali originários. A natureza de Luneta que se renovava todos os seis meses bebia naquele sítio a sua energia e o seu esplendor místico aspergindo contra o ar as sementes de cada novo momento. Era certo que a vida se renovava constantemente em Luneta e, por isso, Górgias fechou os olhou e abriu os braços para receber o ar seminal da sua cidade e ao fazê-lo viu ao longe os mineiros e os operários fiadores que trabalhavam ora nas entranhas da terra, ora no alto das árvores.
(continua)

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