Oito e meio (Eight and half)


Às seis da tarde o dia parecia primaveril. O solarengo momento esticou-se para lá das seis e quase bateu nas sete. Como roçou não chegou a tocar, acabou-se ali o instante, paciência. Amanhã haverá mais daquilo e mais longo, é verdade. Mas não me dei por vencido. Fechei os olhos e o dia continuou cá dentro como o vi lá fora. É tudo uma questão de pensar azul e brilhante, azul e brilhante, azul e brilhante, com ritmo sincopado como se fosse uma máquina de zurzir lenta. Os dias assim deixam-me sempre o olhar perplexo, tão preso a tudo que mal ouvi o que me perguntaram, "para que lado fica o Areeiro?". Lamento, respondi, estou a ver o Sol, agora não posso. Mesmo que soubesse a direcção a tomar não poderia ter respondido, não poderia dar uma resposta precisa, estava cheio, de boca cheia, com os olhos presos a tudo.

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